quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Gertrudes Gentil


Gertrudes Gentil, cidadã do povo, na fila mais uma vez e de novo.
Casaco de lã e meias pra espantar o frio, em pé entre tantos, mais um esqueleto senil.
No retrato do descaso, do destrato do que se entende, se é que dá pra entender aposentadoria no BRASIL.
Com um folheto na mão, ela não só acordou cedo como madrugou, e foi lendo pelo caminho ainda que silabicamente "Garantida pela Constituição"
Bom dia seu Zé é hoje!
Seu José Geraldo tão acostumado com os parcos proventos, riu naquele momento e peguntou se era piada o que a senhora estava pretendendo.
Gertrudes Gentil até sorriu, mais não tinha graça, continuar vendendo pipoca na praça.
A lista de documento ela teve que providenciar, como se não constasse no SISTEMA uma vida inteira que ela teve que trabalhar.
Quem sabe agora vai poder descansar, e de uma velhice segura poder desfrutar.
Mas não demora Gertrudes perceber que a vida de contribuição não rendeu velhice confortável não.
O mercado ou a farmácia, qual a prioridade deste salário que alimenta a insanidade, o que pagar primeiro depois de nehum reajuste o ano inteiro.
Os aposentados não tem correção salarial como os demais trabalhadores da população, talvez seja porque eles pagam menos pelo quilo da carne, pelo leite, rémedio ou pelo arroz com feijão.
Mais quem se importa, eles estão a própria sorte, aguardando a morte não pagão mais contribuição então não precisão do pão.
Sentada na sarjeta, não espera gorjeta, espera o desfecho de mão atadas, e apesar de insuficientes recursos que receberá ela agradeceria se Dona Chica figura caricata da fila não tivesse senhas aos outros vendido, hoje Gertrudes provavelmente seria atendida ainda que aquem de seu sobrenome.